A SOAMAR – Sociedade Amigos da Marinha do Brasil na implementação e ampliação de uma mentalidade marítima na comunidade brasileira

Falar sobre a SOAMAR é, sob certo aspecto, falar sobre a Marinha Brasileira, a qual não se pode abordar sem se lembrar da milenar Marinha Portuguesa.

É que, embora a Marinha Brasileira surja a partir da Independência do Brasil, tendo como seu primeiro Comandante o Almirante escocês Thomas Cochrane, não se pode negar ou desconhecer as suas origens na Real Marinha Portuguesa e sua mítica e lendária escola náutica criada pelo infante D. Henrique na região de Sagres, no Algarve, em Portugal, no século XV. Lá, certamente, o berço da Marinha de Tamandaré.

No já distante ano de 1979, o Almirante de Esquadra Maximiliano da Fonseca, então Comandante da Marinha Brasileira, criou a SOAMAR – Sociedade Amigos da Marinha.
Hoje, presente no Brasil e em Portugal, ela visa a disseminar a cultura marítima, naval, fluvial e estratégica junto aos brasileiros.

Contudo, aquele dinâmico Chefe Naval entendeu ser também uma oportunidade de, através de uma Associação pluralista e diversa, de congregar os mais diversos talentos brasileiros, em torno da desinteressada amizade à Marinha do Brasil, sendo capaz de contribuir para evitar e superar a mais cruel e perversa cisão para um povo, uma nação e um Estado, aquela entre seu povo e as Forças Armadas.

Lembrando que Rui Barbosa, o grande Jurista brasileiro, afirmava: “Esquadras não se improvisam”.

Dessa forma, a Marinha do Brasil se orgulha de ser considerada “a Minha, a Sua, a Nossa Marinha”.

Dentre as lições relevantes da SOAMAR, está a de combater a desinformação, a ignorância e a má-fé que não permitem, a muitos, ver que temos um País, cujo comércio exterior, na ordem de 95%, se dá por via marítima, não podendo, portanto, prescindir de uma Marinha de Guerra e de uma Marinha Mercante à altura do desafio.

O Atlântico Sul – nosso cenário geoestratégico – sempre foi um mar de língua portuguesa, unindo Portugal, a América Portuguesa e a África Portuguesa, como recitou o poeta Fernando Pessoa:

“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”

Contemplando a vastidão deste Atlântico Sul, está a nossa Amazônia Azul, conceito criado pela Marinha do Brasil para definir os 3,6 milhões de km² litorâneos, podendo chegar a 4 milhões de extensão, com as suas ricas reservas de petróleo, gás, minerais e pescados dentre outros recursos e riquezas ainda não descobertas. E, ainda, a presença brasileira na Antártica constitui desafio gigantesco ao Brasil e sua Marinha.

Este património brasileiro precisa ser protegido, cuidado e defendido em um perigoso tempo de grandes crises e inquietações geopolíticas. Para tanto, o protagonismo da Marinha Brasileira junto à ZOPACAS – Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul – é uma garantia da presença brasileira no Atlântico Sul e na Costa Ocidental da África.

Enfim, a par da conscientização de nossa Sociedade dos desafios relacionados às águas azuis, coloca-se também o de desenvolver a atenção e cuidados com as águas interiores, com os vastos e ricos recursos hídricos, representados pelos rios, lagos e represas, bem como os nossos extensos e profundos aquíferos, que fazem com que o Brasil detenha as maiores reservas de águas doces do mundo, em uma época perigosamente carente desses recursos.

Esses são alguns desafios colocados à SOAMAR – desafios para os quais sempre buscaremos as preciosas, históricas, lendárias lições transmitidas pela Pátria de nossa Pátria: Portugal!