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POSH ou SOPH?
Eng. Nuno Antunes dos Santos - CEO da Lisnave, Estaleiros Navais, S.A.
05/09/2024
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Antes da vulgarização das travessias aéreas transatlânticas, as viagens de passageiros entre o velho continente e o novo mundo faziam-se por via marítima, nos majestosos paquetes. Uma viagem de Londres a Nova Iorque demorava cerca de uma semana, com mais outro tanto para o regresso. Tanto tempo de viagem justificava, para os mais desafogados, a compra de bilhetes para um bom camarote. E o que podia ser melhor do que um camarote com vista para sul?
Atendendo a que os navios, na ânsia de conquistarem a almejada Flâmula Azul, atribuída ao navio com a travessia atlântica mais rápida, seguiam a rota ortodrómica, que os levava para latitudes muito elevadas, qualquer raio adicional de sol seria muito bem vindo. Claro que também havia aqueles que não conseguiam mais do que um camarote próximo da meia-nau, sem vistas nem para bombordo nem para estibordo, ou mesmo camarotes em conveses abaixo da linha de água, que à época ainda eram permitidos…
Porém, o bilhete de um camarote voltado a sul era bastante mais caro do que o de outro voltado a norte, tal como, no mesmo prédio, um apartamento virado a sul é mais caro do que outro voltado a norte (naturalmente, no hemisfério sul passar-se-á o oposto).
Desta forma, apenas os mais empossados podiam viajar a bombordo de Londres para Nova Iorque e a estibordo no regresso, sempre voltados a sul. Eram os bilhetes POSH – Port Out, Starboard Home. Na língua inglesa, a abreviatura ganhou vida própria e tornou-se um sinónimo de elegância e luxo. Expressões como “a posh handbag” ou “a posh villa” transmitem, precisamente, um estilo especialmente refinado.
Mas hoje, com as viagens de avião, o POSH pode já não ser a melhor opção. Cada um terá as suas preferências e os objectivos podem ser muito diferentes. Eu prefiro voar sempre do lado da sombra. Num voo de Lisboa para Nova Iorque prefiro lugares SOPH – Starboard Out, Port Home. Já num voo matinal de Lisboa para Amesterdão, por exemplo, prefiro voar a bombordo, já que o sol estará nas janelas de estibordo. Vice-versa da parte da tarde, e vice-versa no regresso.
De facto, a janela voltada ao sol pode ter a vantagem de oferecer um magnífico pôr do sol, por cima das nuvens, nos voos vespertinos. Mas as vantagens ficam por aí. Estas janelas têm o inconveniente de, normalmente, termos de fechar a cortina, precisamente por causa da intensidade do sol. E quando tentamos ver a paisagem, vemos em contraluz.
A janela voltada à sombra pode ter a cortina aberta durante todo o voo (excepto nos “red-eyes flights”, em que nos pedem sempre para fechar as cortinas) e permite-nos ver a face iluminada da paisagem. Para quem, como eu, gosta de geografia, cartografia e navegação, é um deleite ir a identificar baías, enseadas, portos, rios, lagos, montanhas, estradas, cidades e tantos outros pontos de interesse.
Por isso, já sabe: na sua próxima viagem a bordo de um transatlântico, escolha POSH; no seu próximo voo, dependendo da rota e da hora do dia, escolha criteriosamente entre o POSH e o SOPH, ou mesmo POPH ou SOSH!
Boas viagens!
Autor: Eng. Nuno Antunes dos Santos - CEO da Lisnave, Estaleiros Navais, S.A.